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A parentalidade positiva defende a educação de crianças de forma firme e gentil, com afeto, sem autoritarismo ou permissividade.
Os pais que praticam a parentalidade positiva não utilizam punições severas para corrigir comportamentos problemáticos. Em vez disso, atendem proativamente às necessidades emocionais dos filhos, e praticam interações positivas.
De acordo com Caley Arzamarski, defensora da parentalidade positiva e psicóloga especializada em terapia infantil, a parentalidade positiva foca-se mais nos comportamentos positivos (dando bom feedback sobre eles), e não nos comportamentos negativos.
De acordo também com alguns psicólogos, a parentalidade positiva promove a confiança das crianças, melhora a capacidade de se relacionar com os outros, nutre a sua autoestima e criatividade, e põe à sua disposição as ferramentas necessárias para tomarem as melhores decisões.
A parentalidade positiva não é um conjunto de regras que se tem que seguir, mas sim uma filosofia que promove a relação entre pais e filhos com base no respeito, base essa sobre a qual se desenvolve a educação da criança de uma forma construtiva.
“A paternidade positiva é o relacionamento contínuo de pais e filhos, que significa cuidar, ensinar, liderar, comunicar e atender às necessidades de uma criança de forma consistente e incondicional.”
“Positive parenting is the continual relationship of a parent(s) and a child or children that includes caring, teaching, leading, communicating, and providing for the needs of a child consistently and unconditionally.”
(Seay et al., 2014, p. 207).
A parentalidade/educação positiva surgiu na década de 1980 e teve como base teorias de psicologia e psiquiatria formuladas pelos especialistas Alfred Adler e Rudolf Dreikurs.
Entre outras coisas, Adler acreditava que “todos os comportamentos (até os maus comportamentos) emanam da nossa necessidade social inata de sentir a pertença, e que a coerção por meio de punições e recompensas leva as pessoas a temer ou agradar aos outros, e por fim, rouba-lhes a satisfação intrínseca que vem de fazer as coisas certas pelas próprias razões”.
As ideias de Adler inspiraram o Dr. Rudolf Dreikurs, um psicólogo que mais tarde adaptou as teorias de Adler às suas salas de aula, em Viena, no início dos anos 1920, e nos Estados Unidos, no final dos anos 1930.
Alguns princípios da Parentalidade Positiva, de acordo com Amy McCready, fundadora e criadora do programa de ensino online “7-Step Parenting Success System”, e autora de dois livros best-sellers para pais, “If I Have to Tell You ONE MORE TIME” e “The “Me, Me, Me” Epidemic”:
Encontre formas de passar tempo de qualidade com o seu filho e certifique-se que está realmente presente quando o fizer. Estes momentos são bons para reforçar a conexão entre pai e filho, e manter o nível de confiança entre os dois.
Com bebés: quando o seu filho estiver a brincar, acrescente palavras ao que ele for dizendo. Por exemplo, se estiver a brincar com uma bola e disser “bola”, devolva com “bola amarela”. É uma forma de, nestas idades, se relacionar e, ao mesmo tempo, expandir o vocabulário do bebé.
Com crianças: joguem em conjunto, por exemplo, jogos de perguntas, e definam um objetivo por jogo (por exemplo, responder a 20 perguntas diárias) e criar uma ligação.
Com adolescentes: demonstre interesse pela sua vida, e compartilhe algo da sua, em contrapartida.
Existe praticamente sempre uma razão pela qual as crianças têm determinados comportamentos, mesmo que essa razão pareça que não tem sentido para os pais. Para a criança, é uma razão válida, e será por isso que ela se comportará de determinada maneira.
Com bebés: considere as possíveis razões por detrás dos seus comportamentos, à partida, nesta idade, as birras, a única forma de expressar os sentimentos, poderá ser - fome, sono, frio/calor, ou alguma dor.
Com crianças: faça perguntas para tentar chegar à raiz do problema. Aborde diretamente a causa, e mesmo que a criança não consiga exatamente o que quer, ela irá sentir que as suas necessidades são ouvidas e reconhecidas, e poderá seguir, sem necessidade de ter comportamentos negativos.
Com adolescentes: incentive o seu filho a registar as suas emoções num diário. Refletir sobre o que se escreveu pode elucidar sobre as causas de maior ansiedade ou stress.
Encontre formas de ser firme sem ser duro. Estabeleça limites específicos, de maneira positiva, e seja claro sobre as consequências, com antecedência, para que a criança tenha tempo de tomar decisões sobre as suas ações, e pensar no que pode ou não acontecer.
Com bebés: utilize linguagem positiva e evite a palavra “não”.
Com crianças: por exemplo, caso haja tempo antes de ir para a escola de manhã, a criança está autorizada a ver algo que quer (seja ver televisão ou ir brincar ao ar livre), mas apenas depois da sua rotina matinal estar completa (escovar os dentes, vestir, tomar o pequeno-almoço). Assim, estamos a expor de forma clara e concreta quais as consequências de determinados atos. Isto também é uma prática que fará com que rapidamente a rotina passe a ser algo natural, sem birras ou reclamações.
Com adolescentes: em vez de estabelecer limites rígidos sobre o tempo de televisão/ playstation/ telemóvel, ajude o seu filho a criar um cronograma. Trabalhem juntos para decidir quanto tempo eles podem gastar por semana em jogos, mensagens, etc. versus trabalho escolar ou outras tarefas.
Quando se toma decisões disciplinares para os seus filhos, é importante pensar nos objetivos a longo prazo. As recompensas são ineficazes porque oferecem ganhos apenas de curto prazo.
Na prática, o que oferecer hoje por um determinado comportamento que ele tenha, da próxima vez, ele estará à espera da mesma recompensa (ou mais) para ter esse comportamento novamente. Existem alguns estudos (1) que mostram que as crianças recompensadas pelos seus comportamentos, acabam por perder interesse na atividade pela qual estão a ser recompensados.
Reconheça as coisas que o seu filho faz acertadamente, em vez de se fixar exclusivamente no que ele faz de errado. Quando ele fizer algo de bom, reforce esse comportamento através da atenção e do reconhecimento verbal e até do afeto físico.
Com bebés: dê atenção ao seu filho quando ele mostrar bom comportamento, limitando a sua atenção durante birras ou comportamento negativo.
Com crianças: deverá ser dado logo após o comportamento positivo, reconhecendo a sua boa atitude, por exemplo, "Vi que arrumaste o teu quarto, bom trabalho".
Com adolescentes: para além de reforçar e reconhecer as suas atitudes positivas, converse também sobre possíveis erros ou atitudes menos positivas, tentando compreender essas situações e tentando encontrar soluções para melhorar.
Em vez de punir o seu filho por um comportamento errado, mude o seu foco para ajudá-lo a aprender e crescer, para que da próxima vez não aconteça o mesmo ou aconteça melhor.
Com bebés: poderá ser complicado aplicar para crianças menores de 3 anos, idade em que começam a raciocinar.
Com crianças: crie uma lista de dicas de soluções de problemas para o seu filho usar quando estiver chateado. Se eles cometerem um erro, ajude-os a identificar qual das dicas eles poderiam ter usado naquela situação.
Com adolescentes: ajude o seu filho a planear situações mais difíceis. Exponha cenários hipotéticos onde possam surgir problemas, e conversem sobre possíveis soluções. Por exemplo, numa situação em que ele vá sair à noite, questione “se o condutor responsável por trazer o carro tiver bebido, e não quiser deixar outra pessoa conduzir, o que faria”?
Em resumo, a positividade na parentalidade é uma abordagem transformadora que visa fortalecer os laços familiares e nutrir o desenvolvimento saudável das crianças.
Ao adotar estes 6 princípios da Parentalidade Positiva - conexão, comunicação, empatia, consistência, respeito e auto cuidado - os pais têm a oportunidade de criar um ambiente confortável, e de apoio, onde os seus filhos podem florescer e prosperar.
Mergulhe na jornada da parentalidade positiva e observe como ela pode fazer maravilhas na sua vida familiar.
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