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Doce ou travessuras? Crianças com medo do halloween

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Inês Cabral da Fonseca

Psicóloga Clínica – Crianças e Adolescentes

O Halloween é um momento celebrado e vivido com alegria em muitos contextos (escolas, famílias, amigos). Mas atenção, nem todos vivemos assim o Halloween... teias de aranha, morcegos, sangue, esqueletos… são algumas das imagens que as crianças veem e poderão desencadear medos, noites mal dormidas e pesadelos. 

Esta é uma altura do ano em que também é importante falarmos sobre a forma como lidamos com os possíveis medos das crianças neste contexto. 

Os medos são particularmente comuns em crianças que ainda não distinguem a fantasia da realidade, até aos 6/7 anos de idade.

É importante recordar que não há nada de errado quando uma criança expressa medo das máscaras ou outras situações associadas ao Halloween. Os medos fazem parte do desenvolvimento. É necessário saber antecipar e gerir as situações com naturalidade, fornecendo um porto de abrigo para a criança. Desta forma, apresentamos algumas orientações para que os pais sejam responsivos caso estes medos surjam:  

  1. Crie espaço para a criança expressar os seus medos; 

  2. Tente compreender o que está por trás do medo. Coloque-se no lugar da criança;

  3. Acolha o medo da criança (“o pai está aqui contigo”; “a mãe às vezes também tem medo quando lhe pregam partidas ou quando vê estas máscaras”);

  4. Evite ridicularizar (como, rir) ou julgar ou desvalorizar o medo da criança (“és um maricas, tens medo de tudo, não precisas de ter medo”). Se a criança está angustiada ou sente medo, não adianta pedir para ela não ter medo, a sua angústia/medo não desparecerá, pelo contrário, poderá sentir ainda maior ansiedade;

  5. Explique que foi só uma brincadeira e que a máscara é uma fantasia, um faz de conta, onde por de trás está outra criança ou adulto igual a ela ou aos pais. Se mesmo assim a criança continuar com medo, o ideal será retirá-la rapidamente do contexto;

  6. Não se esqueça, de elogiar a coragem e esforço da criança perante as situações nas quais teve medo e superou-as;

  7. Partilhe medos da sua infância quando tinha a idade da criança e explique como os ultrapassou; 

  8. Permita que a criança agarre um objeto no qual sinta conforto e segurança; 

  9. Ajude a criança a desconstruir os medos:

    • Jogos de Roleplaying e brincar com aquilo que as assusta (por exemplo, fazer uma batalha contra o medo com peluches/bonecos);

    • Fazer desenhos, por exemplo:

      • Um desenho do seu medo;

      • Utilizar a imaginação da criança para desenhar uma batalha contra o medo;

      • Desenhar os seus aliados que a ajudarão a vencer esse medo. 

  10. Não mascare uma criança se não for a vontade dela, essa será uma vontade mais do adulto e do contexto do que da própria criança. 

Após o Halloween, esteja atento a alguns sinais – medos, noites mal dormidas e pesadelos – e, se persistirem na sua frequência e intensidade, procure ajuda. 

Que as melhores travessuras sejam beijos roubados, abraços apertados e doces para todo o lado!

Inês Cabral da Fonseca 

Psicóloga Clínica - Crianças e Adolescentes

Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses

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