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No verão, pais, filhos e até avós passam mais tempo diário juntos. Durante esta época, é muito importante que haja momentos em que a criança brinque de forma livre e espontânea, momentos aborrecidos (o aborrecimento é o melhor amigo da criatividade) e momentos em que o adulto assume o papel de parceiro de brincadeira… Umas vezes é liderado pelos mais pequenos e noutras os papéis invertem-se.
Enquanto adultos, podemos ser aliados na promoção de várias competências, desde competências socioemocionais, pedagógicas ou psicomotoras, essenciais para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
O que fazer quando estamos na praia? Ou no campo? E durante as viagens de carro ou nos restaurantes? E se nos esquecermos dos jogos, das bolas e dos brinquedos em casa? Não se preocupe, só vai precisar de duas coisas: vontade e imaginação!
Neste artigo apresentamos-lhe sugestões de atividades de verão na educação infantil, inspiradas em jogos tradicionais adaptados, a realizar em diferentes contextos, uma para cada dia da semana.
Atividades de verão na educação infantil, na praia ou no campo:
Instruções: À vez, cada jogador deve ilustrar uma imagem, desenhando com o dedo em areia ou terra. O primeiro dos outros jogadores a acertar, ganha o ponto.
Competências: motricidade fina, perceção visuoespacial, linguagem verbal e não verbal, atenção/ concentração.
Instruções: Desenhar ou cavar um buraco na areia ou terra – o alvo. Recolher conchas ou pedras e fazer pontaria. Ir aumentando ou diminuindo a distância ao alvo, alternar entre a mão direita e a mão esquerda, de olhos fechados - São várias as adaptações que se podem criar para facilitar ou dificultar a tarefa.
Competências: percepção visuoespacial, coordenação óculomanual, lateralidade
Instruções: Desenhar quadrados na areia ou terra – tabuleiro de jogo. Um jogador deve colocar conchas ou pedras no tabuleiro de jogo e formar um padrão. Os outros jogadores devem observar o padrão durante 15 segundos. Por fim, os objetos são retirados pelo primeiro jogador e devem ser colocados nas posições iniciais pelos outros.
Competências: atenção, perceção visuoespacial, memória visual, memória de trabalho
Instruções: Recolha de conchas, pedras e/ou paus para trabalhos manuais (como, por exemplo, colares/ pulseiras, molduras/ quadros, brinquedos).
Competências: motricidade fina, criatividade
Instruções: Criar perguntas (oralmente ou por escrito) sobre temas que pais e/ ou avós deram na Escola Primária (desde perguntas de cultura geral, contas, completar provérbios ou até mesmo desafios motores, como o jogo do elástico). O objetivo é criar um percurso com vários desafios até ao prémio final (ir comer um gelado, por exemplo).
Competências: pedagógicas, motricidade global
Instruções: Um dos jogadores deve olhar à sua volta e selecionar uma pessoa desconhecida que esteja no campo de visão de todos. Os outros jogadores devem tentar adivinhar colocando questões de Sim ou Não acerca das características das pessoas (por exemplo, “é homem?”, “é jovem?”, “é alto?”, “é careca?”, etc.).
Competências: atenção/ concentração, linguagem verbal
Instruções: Com areia ou terra molhada modelar animais, comida, objetos ou outras categorias à escolha. Qual o trabalho mais realista? E o mais criativo? E aquele que levou mais tempo e dedicação? Devem ser entregues vários prémios, consoante o número de concorrentes em jogo.
Competências: motricidade fina, criatividade, concentração
As férias incluem tempos de viagem e de refeição, que, por vezes, são um desafio. De seguida, apresentamos algumas sugestões para esses momentos:
Entre viagens: Jogo do 24 com os números das matrículas; Formar palavras que devem incluir as letras das matrículas; Quantos carros encontramos do mesmo modelo e/ ou cor?
Em restaurantes: Jogo do STOP
Ao longo da realização das atividades o adulto deverá servir de modelo e leitor do que está a acontecer, promovendo também o desenvolvimento de competências socioemocionais. As nossas recomendações:
Elogie e encoraje: as ideias, a criatividade e a imaginação; os comportamentos da criança (como partilhar, ajudar, esperar pela sua vez); as competências de regulação emocional da criança, isto é, observe os esforços que a criança faz para regular as suas emoções, por exemplo, a tristeza e/ ou raiva (quando não está a conseguir realizar uma tarefa ou quando perde) e a persistência/ resiliência (reforce os esforços que a criança faz para permanecer e realizar a tarefa e não apenas a qualidade do resultado final);
Comente, descreva e mostre atenção em relação ao que a criança está a fazer;
Se for necessário impor limites, apresente-os com clareza e de uma forma agradável, por exemplo “Não podes pintar a mesa. Tens aqui papel que podes usar em vez da mesa.”;
Ignore comportamentos negativos (resmungar, chorar, fazer comentários negativos ou atrevidos e birras);
Permita alguma desordem (promove a criatividade). Tome precauções, por exemplo: usar uma toalha de plástico que possa ser limpa com um pano, quando está a preparar uma atividade que poderá sujar;
Evite realizar as tarefas pela criança e impor as suas ideias.
Lembre-se que o mais importante é estar disponível e passarem tempo de qualidade juntos. Mesmo que nem sempre faça sentido para o adulto, para as crianças brincar é crescer e, no final do dia, guardarem memórias de umas férias de verão incríveis!
Inês Cabral da Fonseca, Psicóloga Clínica (Crianças e Adolescentes) & Mariana Sousa e Castro, Educação Especial e Reabilitação
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